quarta-feira, 28 de setembro de 2016


        

Advertência a Folhas Caídas

A maior parte das composições poéticas é inspirada na paixão avassaladora que Almeida Garrett sentiu por a Viscondessa da Luz.
São inúmeras as marcas românticas presentes nos poemas desta colectânea: a)Tratamento do tema dicotomia amor/paixão; 
b)Confessionalismo literário;
 c)Defesa do mito de Rousseau do bom selvagem – crença na corrupção inerente ao homem social que se opõe à sua bondade inata;
Resultado de imagem para garrett caricatura
d) Apologia da liberdade de sentir/amar sem quaisquer constrangimentos sociais – ex: o casamento; e) Dicotomia mulher-anjo / mulher fatal; f) Concepção de amor como força avassaladora, tirana e irracional; g) Presença de alguns temas e formas populares – ex: a pesca; utilização da quadra (quatro versos numa estrofe) e da redondilha maior e menor (sete e cinco sílabas métricas).
A linguagem do autor é simples, por vezes coloquial e familiar, não sendo, no entanto, vulgar ou descuidada. O estilo é hiperbólico, exclamativo, socorrendo-se de inúmeros artifícios como: METÁFORA – Pescador da barca bela / onde vais pescar com ela…-; INTERROGAÇÃO RETÓRICA – Anjo és tu ou és mulher?-;
ADJECTIVAÇÃO EXPRESSIVA - e só te quero / de um querer bruto e fero / que não chega ao coração…; ANTÍTESE – Não te amo, quero-te! EXCLAMAÇÃO – Olha bem estes sítios queridos! / vê-os bem neste olhar derradeiro!…; PERSONIFICAÇÃO – olha o verde do triste pinheiro, entre muitos outros.

Garrett assume-se nesta obra como uma personagem que dialoga (apesar de a presença do interlocutor estar apenas subentendida), dirigindo palavras de doce amor ou raiva e desespero ao objecto do seu amor/paixão, ou ainda dando conselhos a um tu que está a iniciar-se na aventura do amor. 
     

Sem comentários:

Enviar um comentário