sábado, 29 de outubro de 2016

Antero De Quental

Biografia do Antero de Quental

Antero de Quental (1842-1891) foi um poeta e filósofo português. Foi um verdadeiro líder intelectual do Realismo em Portugal. Dedicou-se à reflexão dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo. Contribuiu para a implantação das ideias renovadoras da geração de 1870.
Antero de Quental (1842-1891) nasceu na localidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal, no dia 18 de abril de 1842. Filho do combatente Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia iniciou seus estudos em Ponta Delgada. Com 16 anos foi estudar Direito em Coimbra. Em 1861 publicou "Sonetos de Antero".
Resultado de imagem para biografia de antero de quentalEm 1865, um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra, critica as velhas ideias do Romantismo, o que fez surgir uma polémica entre a velha e a nova geração de poetas. Essa manifestação originou-se de um texto do poeta romântico António Feliciano de Castilho, no qual ele criticava as novas ideias literárias de Antero de Quental e Teófilo Braga. Antero responde de maneira violenta, escrevendo uma carta aberta que foi divulgada com o título de "Bom senso e bom gosto", nela Antero acusa Castilho de obscurantismo e defende a liberdade de pensamento dos novos escritores. Essa polémica ficou conhecida como a "Questão Coimbrã. Neste mesmo ano ele publica "Odes Modernas".
Antero de Quental expressa nos  seus sonetos a sua inquietação religiosa e metafísica constituindo a parte mais importante de sua obra: "Sonetos de Antero" (1861), "Primaveras Românticas" (1872), "Sonetos Completos" (1886) e "Raios de Extinta Luz" (1892). É considerado, ao lado de Bocage e Camões, os grandes sonetistas da literatura portuguesa.
Antero Tarquínio de Quental sofrendo de depressão, suicida-se no dia 11 de setembro de 1891, em Ponta Delgada, Portugal, a sua terra natal.
Resultado de imagem para Questão CoimbrãQuestão Coimbrã
     Também conhecida como a Questão do Bom Senso e Bom Gosto, foi uma das mais importantes polémicas literárias portuguesas e a maior em todo o século XIX que, como explica Margarida Vieira Mendes, "alastrou de forma explosiva, de Novembro de 1865 a Julho do ano seguinte, em cartas, crónicas e artigos de imprensa, opúsculo, folhetins, poesias e textos satíricos, alusões em conferências (...) ou mesmo discursos parlamentares" (in Dicionário do Romantismo Literário Português, Editorial Caminho, 1997). Foi desencadeada em Coimbra por um grupo de jovens intelectuais que vinham reagindo contra a degenerescência romântica e o atraso cultural do país. 
           A polémica começou em Outubro de 1865, quando António Feliciano de Castilho aludiu, na carta-posfácio ao Poema da Mocidade, de Pinheiro Chagas, à moderna escola de Coimbra e à sua poesia ininteligível, ridicularizando o aparato filosófico e os novos modelos literários de que ela se nutria ("temporal desfeito de obras, de encómios, de sátiras, de plásticas, de estéticas, de filosofias e de transcendências"), numa referência provável às teorias filosóficas e poéticas expostas nos prefácios a Visão dos Tempos Tempestades Sonoras (ambas de 1864), de Teófilo Braga, e na nota posfacial das Odes Modernas, de Antero de Quental (de julho de 1865). Para além disso, António Feliciano de Castilho fez elogios rasgados a Pinheiro Chagas, chegando ao ponto de propor o jovem poeta para reger a cadeira de Literatura no Curso Superior de Letras. 

Geração de 70

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            Assim se designa o grupo de jovens intelectuais portugueses que, primeiro em Coimbra e depois em Lisboa, manifestaram um descontentamento com o estado da cultura e das instituições nacionais. O grupo fez-se notar a partir de 1865, tendo Antero de Quental como figura de proa e de maior profundidade reflexiva, e integrando ainda literatos como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Jaime Batalha Reis e Guilherme de Azevedo. Juntos ou, como sucedeu mais tarde, trilhando caminhos de certa forma divergentes, estes homens marcaram a cultura portuguesa até ao virar do século (se não mesmo até à República), na literatura e na crítica literária, na historiografia, no ensaísmo e na política.
Os homens da Geração de 70 tiveram possibilidade e, sobretudo, apetência de contacto com a cultura mais avançada da Europa como não se via em Portugal desde o tempo da formação de um Garrett e de um Herculano. Puderam, pois, aperceber-se da diferença que havia entre o estado das ciências, das artes, da filosofia e das próprias formas de organização social no país e em nações como a Inglaterra, a França ou a Alemanha. Em consequência, esta juventude cosmopolita nas leituras, liberal e progressista não se revia nos formalismos estéticos que grassavam nem naquilo que consideravam ser a estagnação social, institucional, e
conómica e cultural a que assistiam.
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O seu inconformismo havia de se manifestar em diversas ocasiões, com repercussões públicas dignas de registo. Em 1865 é despoletada a chamada Questão Coimbrã, que opôs o grupo, a pretexto de uma obra literária de mérito discutível, ao ultrarromantismo instalado que António Feliciano de Castilho personificava. Travou-se uma acesa polémica, à qual subjaziam grandes diferenças ao nível das referências estéticas mas também ideológicas. O grupo reunir-se-ia depois na capital, formando o Cenáculo, e em 1871 organizou as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, com as quais chamou definitivamente a atenção da sociedade.
Nos anos seguintes, embora a atitude de crítica e de intervenção cultural e política se mantivesse, os membros do grupo foram definindo caminhos pessoais independentes, ora dedicando-se mais a umas atividades, ora a outras. Antero suicidou-se em 1891, e dir-se-ia que esse gesto simboliza o destino destes homens a caminho do final do século, em desilusão progressiva com o país e o sentido das suas próprias vidas.


Conferencias do Casino Lisbonense 
Resultado de imagem para Conferencias do Casino LisbonenseSérie de conferências - também conhecidas simplesmente por Conferências do Casino - levadas a público em 1871, em Lisboa, por iniciativa do chamado grupo do Cenáculo, de que faziam parte Antero de Quental, Eça de Queirós, Jaime Batalha Reis, Salomão Sáragga, Manuel Arriaga e Guerra Junqueiro. Este é o ponto mais alto da Geração de 70. Visavam abrir um debate sobre o que de mais moderno, a nível de pensamento, se vinha fazendo lá fora. Aproximar Portugal da Europa era o objetivo máximo, anunciado, aliás, no respetivo programa.

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O programa das Conferências, que surgiam como uma espécie de consequência natural das discussões ideológicas travadas no Cenáculo, anunciava "ligar Portugal com o movimento moderno", "agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e da Ciência Moderna" e "estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa".
A conferência inaugural, intitulada "O espírito das conferências", foi proferida por Antero de Quental, que afirmou a necessidade de regenerar Portugal "pela educação da inteligência e pelo fortalecimento da consciência dos indivíduos". Na segunda conferência, o mesmo Antero analisou as "Causas da decadência dos povos peninsulares", que, na sua opinião, correspondiam ao catolicismo pós-tridentino, que impôs o obscurantismo à centralização política das monarquias absolutas, que determinou o aniquilamento das liberdades locais e individuais, e à política expansionista ultramarina, que impediu o desenvolvimento da pequena burguesia. A terceira conferência, intitulada "A literatura portuguesa", foi pronunciada por Augusto Soromenho, que denunciou a decadência da literatura portuguesa e defendeu a necessidade de "dar por base à educação a moral, o dever, do que aproveitará a literatura". A quarta conferência, "A Nova Literatura (O Realismo como nova expressão da Arte)", foi proferida por Eça de Queirós, que aí lançou os fundamentos da sua conceção de Realismo, influenciada por Flaubert, Proudhon e Taine. A quinta conferência coube a Adolfo Coelho, que avançou algumas propostas revolucionárias para a reorganização do ensino em Portugal, a mais importante das quais consistia na "separação completa do estado e da igreja".

As conferências foram interrompidas antes da sexta, que seria dita por Salomão Sáragga e que versaria sobre os críticos históricos de Jesus, por portaria ministerial do Marquês de Ávila e Bolama, onde se alegava que nas conferências se tinham sustentado "doutrinas e proposições que atacam a religião e as instituições políticas do estado". Os conferencistas reagiram contra a proibição com um protesto público, com o qual se solidarizaram vários intelectuais, como Alexandre Herculano, que acudiram em defesa da liberdade de expressão.
De qualquer modo, entre os intelectuais portugueses, ficou o gérmen da modernidade do pensamento político, social, pedagógico e científico que na França, na Alemanha e na Inglaterra se fazia sentir. Este espírito revolucionário e positivista dominava a maioria da jovem classe pensante.
Antero Apolineo e Antero Dionisiaco
Existem "dois Anteros". Um pode se considerar o Antero "luminoso" ou  opolineo e o outro Antero "noturno" romantico. O proprio autor autotitulava se nos textos desta maneira, consciente da sua instabilidade mental

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